terça-feira, 3 de novembro de 2015

Capítulo 13: Aqueles que criam a emboscada

A MÚSICA ERA CALMA E TRISTE.

Orrin de Cão Menor e Serafim de Taças se aproximaram um pouco mais, em posição de batalha, aguardando o terrível bote da besta. A mulher se encontrava mais ao longe, sentada nas rochas. A noite estava escura, impedindo uma visão clara, mas ela aparentava ser uma pessoa normal trajando um vestido molhado colado ao corpo, e suas pernas ainda se encontravam submersas.

Os cavaleiros sabiam que Siren era um demônio marinho com forma de mulher, mas que podia se transformar numa aberração a fim de devorar pescadores. Não poderiam ariscar chegar mais perto, ou a música dela os hipnotizaria. Entretanto, o demônio não se moveu. Teriam que entrar mais no mar para chamar a atenção do demônio, assim podendo retirá-lo da água, sua maior vantagem.

– Estranho… – disse Serafim.

– O quê? – perguntou Orrin, sem tirar os olhos do monstro.

– Está sentindo? Parece ser outra cosmo-energia. Não é similar as que os monstros emanam. Parece algo mais humano, mutável aos sentimentos. Não sinto uma energia puramente maligna vindo dele, apenas com más intenções. Isso não me parece certo.

Orrin já havia percebido aquela presença e sabia que algo não estava correto. O monstro Siren fica nervoso quando não obtém o que quer, mas esse estava muito tranquilo, até demais.

– Afinal, o que é você? – perguntou Orrin impaciente.

O canto parou. Ambos se entreolharam por um momento, o que foi um erro. Aproveitando a breve abertura dos cavaleiros, um ser saltou de dentro d’água atacando Serafim com toda força. Um redemoinho de água acompanhou a criatura, juntamente com o impacto que o cavaleiro recebeu, sendo arremessado até a areia.

– SHARK’S WHIRL! – gritou o ofensor.

Com um movimento parabólico, o redemoinho que havia acertado Serafim desceu até tocar a areia, fazendo a água se dissipar e mostrando o criador da confusão. De joelhos no chão, o inimigo se levantou devagar, apreciando o momento de triunfo. Era um homem musculoso e mais alto que a média dos gregos. Sua armadura variava em tonalidades azuis com detalhes em cinza. Havia barbatanas em seus braços e costa, e seu elmo tinha a forma da cabeça de um tubarão.

Orrin seguiu até Serafim para ajudá-lo, mas acabou sendo igualmente surpreendido.

– SONIC EXPLOSION!

Nenhum som foi audível. Orrin apenas sentiu todo o seu corpo ser arremessado para frente com o impacto que recebera. Sentiu sua coluna dá uma forte pontada, e ouviu um barulho de rachadura que o preocupou mais que a dor. Caindo na areia, tentou logo se levantar, mas tossiu violentamente. Sentiu o gosto de sangue na boca e cada veia de seu corpo esquentar, queimando-o de dentro para fora. Esse ataque…

Pondo-se de pé e virando para enxergar os adversários, ele notou uma figura familiar. Era ela, a amazona, em sua pose sensual e armadura de morcego. Enraivecido com a desonra de ser atacado pelas costas, Orrin pôs-se em posição de combate, e lutaria até as últimas consequências.

Os inimigos viram a cena com diversão. Serafim ainda tentava se levantar, e Orrin estava com o corpo curvado devido ao impacto que recebera nas costas. Ambos começaram a rir.

– Afinal, quem são vocês? – Orrin gritou calando-os.

– Você é mesmo um idiota, cãozinho. Mas até que machucou da última vez. Nada que uns dias de descanso não tenham curado. Vim aqui cortar as suas cabeças e entregá-las em uma bandeja para meu amo Ares. Sou Adrienne de Morcego.

– E eu sou Than de Tubarão – sua voz era grave e rude.

– Seremos seus carrascos esta noite. – Adrienne se divertiu – Encenamos tudo isso para chamar a atenção do Santuário durante esses últimos dias. Está na hora de matarmos o mal, e começaremos pelas beiradas… O que está fazendo? – perguntou incrédula.

Orrin sabia bem o que fazer. Durante aquela apresentação exagerada, Serafim havia levantado e Orrin estava elevando o seu cosmo. Desta vez a destruirei. Sua fúria intensificou ainda mais seu poder, e seu cosmo estava quase transbordando de tanta ira.

– Serafim! – gritou Orrin correndo na direção de Adrienne – Ataque o homem! Eu me encarrego de destruir essa aberração com asas. SANCTIFIED HOWL!

Orrin correu com tal velocidade que nenhum dos inimigos pode se mover a tempo, acertando a amazona. Entretanto, as asas da armadura se fecharam institivamente antes do impacto, protegendo sua dona. A violência foi tamanha que toda a areia ao redor deles se ergueu numa explosão, e Adrienne foi arremessada na direção do mar. A explosão do impacto arremessou o outro guerreiro para um dos lados, sendo arrastado por alguns metros. A amazona finalmente parou quando as suas asas se abriram e começaram a bater, fazendo-a voar sobre a água. Enfurecida com ataque que recebera, aproveitou o momento no qual Orrin estava se recompondo para acumular seu próprio cosmo.

– Seu tolo! – berrou em resposta – Se deseja tanto morrer, então que parta logo ao Tártaro.

– Quero ver você tentar – retrucou Orrin com desdém.

Com o seu Cosmo acumulado, Adrienne partiu na direção de Orrin em investida. Quando chegou perto o suficiente, fez uma manobra brusca com as asas, fazendo-a parar no ar ao mesmo que realizava um ataque com suas garras em forma de um “x”.

– WINDSTORM CLAWS!

Um lampejo de energia esverdeada emergiu do ataque da amazona, causando uma nova explosão de areia e ocultando o cavaleiro de Atena. Adrienne aguardou o resultado do ataque em prontidão, gesticulando para que seu aliado ficasse atento. A poeira baixou, revelando o que ocultava. Atrás de uma parede invisível encontrava-se Orrin e Serafim, ilesos, onde ela estava contendo o ataque da amazona. Incrédula, ela observava seu próprio ataque lutando para romper a barreira criada por Taças.

– Essa é a WALL OF CUPS – falou Serafim para a amazona com um pouco de dificuldade devido à força que fazia para conter o golpe persistente –… minha técnica defensiva-ofensiva. Agora que a conhece, deixe-me mostrá-la lado ofensivo dessa técnica.

– O quê?

Fazendo muito esforço, Serafim empurrou sua muralha e o golpe da amazona na direção oposta. A muralha se destroçou ao mesmo que fez o golpe retornar para sua dona, mantendo a sua velocidade e intensidade. Rapidamente as asas de Adrienne a protegeram do ataque, fazendo-o explodir nela. Dessa vez ela caiu direto no mar.

Quando emergiu, abriu as asas com violência, demonstrando sua ira. Serafim e Orrin observaram seus adversários, lado a lado. O verdadeiro embate finalmente teria seu início.

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