terça-feira, 17 de novembro de 2015

Capítulo 17: O homem que se vinga

AS TREVAS DA NOITE RESSOAVAM BRUTALMENTE COM O COSMO DAQUELE DEMÔNIO. A armadura azul safira de Liath mais parecia um oceano de profunda escuridão que um céu estrelado. Furioso, ele encarava os dois cavaleiros de Atena, que mal conseguiam respirar diante de presença tão opressora. Encarava aqueles ousaram destruir quem ele mais amava.

– Vocês arrancaram de mim a única luz que me guiava em meio a escuridão. – gritou em meio a fúria – Apenas o vazio me preenche agora. O que havia de bom em mim está morto!

O seu cosmo se intensificou ainda mais, engolindo luz, som e o toque do vento. Orrin e Serafim se sentiram diante da ira de um Deus, cuja flor predileta dos campos Elísios fora arrancada pela ousadia de mortais estúpidos.

– Os matarei com um gozo que nunca mais será alcançado pela minha alma – sua voz agora era a de um demônio.

Orrin não acreditava naquele ser. A melancolia pela morte de Adrienne havia desaparecido, sendo substituída apenas por cólera. O seu cosmo se expandia continua e assustadoramente, engolindo a noite. A sua presença aterradora pressionava Orrin, impedindo-o de se mover.

A luz ambiente desapareceu com a fúria de Liath. Não havia mais estrelas ou Lua, sendo apenas visíveis os cavaleiros devido suas cosmo-energias. O som do mar foi substituído pelos lamentos dos mortos. O pavor no coração de Orrin aumentava cada vez mais. Sem saber o que fazer, sentiu-se perdido dentro daquele turbilhão de trevas que os rodeavam.

– Vou fazê-los sentir dor até não aguentarem mais, e quando estiverem prestes a desmaiar os destruirei com um único golpe, para que sentiam o seu coração explodindo em minhas mãos antes de virarem pó. – Liath começou a desaparecer em meio a escuridão do seu cosmo – Que padeçam diante da minha cólera!

Num instante, havia apenas Orrin e a escuridão. Os lamentos aumentaram. O medo crescia cada vez mais. Angustia… Incerteza… Lamentos… Escuridão… Medo… Dor. O cavaleiro sentiu um impacto avassalador. Liath reapareceu em meio a escuridão e atacou Orrin no estômago. O cavaleiro não teve como perceber o golpe, encolhendo o corpo involuntariamente e perdendo a noção das coisas. Uma fração de segundo depois, uma dor lacerante cortou as suas costas. A força do segundo impacto o arremessou na areia da praia com tanta violência que seu corpo se ergueu após bater no chão, o suficiente para receber um chute no rosto e ser arremessado além do mundo de escuridão criado por Liath.

– Orrin! – gritou Serafim.

Próximo dali, em meio às trevas, Serafim apenas ouviu os três poderosos ataques ecoarem. Nervoso com a situação, ele tentou se concentrar e abandonar o medo que sentia. Com seu espírito mais calmo, ergueu os braços concentrando o máximo de cosmo-energia que ainda tinha, lançando um grandioso poder ao seu redor.

– Que minha força purifique a noite. HOLY BREEZE!

De suas mãos unidas, que formaram a sua inconfundível taça, um brilho prateado se espalhou por todo o local. As trevas foram consumidas pela poderosa luz produzida por Serafim. Sua presença era reconfortante, representando a mais pura esperança. Quando seu poder se extinguiu, tudo era novamente visível. Não havia mais trevas. Lua e estrelas brilhavam intensamente no céu.

De repente, Serafim ouviu o som de uma explosão. Voltando-se para a fonte do barulho, ele viu uma enorme cratera na areia. Era Orrin. Ele finalmente havia caído após receber o ataque do inimigo, inconsciente. Angustiado, Serafim correu até o companheiro, mas foi interceptado por Liath. O olhar do demônio era de triunfo e puro sadismo. Seu sorriso era um contive para a morte.

– Miserável!

– Você ainda não viu nada, falso anjo.

– Não há honra em atacar um adversário no estado de Orrin. Caso deseje tanto se vingar, então lute contra aquele que deixou sua amada morrer, mesmo podendo curá-la. Sua rixa é comigo.

– Como queira. – Liath estudou seu adversário, imaginando com prazer todas as formas de torturá-lo – Com o Cão Menor fora do meu caminho, posso eliminá-lo sem problemas. E não adianta tentar me confundir! – rugiu irado – Sei bem que não podia fazer nada por ela. Acabei de destruí o assassino dela e agora cumprirei a missão que foi dada ao meu Esquadrão: eliminar o curandeiro do Santuário. Morra cavaleiro!

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